O caso da pirâmide financeira com criptomoedas Bluebenx voltou aos noticiários com o julgamento na terça-feira (20) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que foi interrompido devido a um pedido de vista. O relator já manifestou seu voto pela condenação de multa a suspensão de atividades no mercado financeiro de Roberto Cardassi e William Tadeu Batista Silva, sócios da empresa.
Além disso, o Portal do Bitcoin apurou que Cardassi foi solto da prisão no último dia 15. O criador da pirâmide foi detido em Portugal e deportado para o Brasil, onde passou cerca de três meses preso.
Quem ainda permanece desaparecido é William Tadeu, mas uma defesa apresentada por ele em um processo criminal na 28ª Vara Criminal de São Paulo oferece pistas sobre o paradeiro do sócio que detém 25% da BlueBenx. No caso, ele responde por estelionato contra uma cliente da pirâmide que acionou a Justiça.
A petição apresentada por seus advogados em 27 de abril deste ano afirma que William Tadeu está residindo na Flórida, nos Estados Unidos, e alega que sua mudança não se trata de uma tentativa de fuga da Justiça, mas sim de uma medida tomada em razão de ameaças contra sua vida.
O réu sustenta a tese de que não detinha nenhum poder de comando na Bluebenx e que a empresa não cometeu nenhum ato ilícito. Ele repete a história de que a empresa teria sofrido um ataque hacker e por isso deixou de pagar os clientes — outras pirâmides já utilizaram a mesma história de um ataque hacker interrompeu os fluxos de pagamento.
“Após o ataque hacker sofrido pela empresa do acusado, e diante das inúmeras ameaças a que vinha recebendo em razão do prejuízo financeiro dos clientes/vítimas, o mesmo decidiu fixar residência nos Estados Unidos, mudando se com sua família, visando única e exclusivamente preservar a integridade física de sua esposa e filhas”, afirma a defesa de William Tadeu.
Além disso, a defesa afirma que a escolha de se mudar para os EUA, “jamais teve como objetivo ausentar-se do distrito da culpa, nem tampouco furtar-se da aplicação da lei penal”. Os advogados citam um depoimento prestado no dia 26 de agosto de 2022 na 96ª Delegacia de São Paulo como um exemplo de colaboração.
Ameaças no WhatsApp
Os advogados anexaram na petição supostas capturas de tela do celular de William Tadeu que mostram as ameaças recebidas pelo WhatsApp. Uma delas mostra um homem segurando uma metralhadora, cobrando R$ 300 mil perdidos na Bluebenx e uma ameaça de fazer “pagar com a própria vida”.

Em outras mensagens, William Tadeu teria supostamente recebidos fotos do prédio onde mora na Flórida, da porta do seu apartamento. Em um dos textos, a pessoa diz saber onde é a padaria onde o sócio da Bluebenx toma café todos os dias.


O colapso da BlueBenx
A Bluebenx foi fundada em 2017 e atraiu milhares de investidores. Tal era o volume de captação, que a operação foi flagrada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como uma oferta irregular de investimentos — algo recorrente em casos de pirâmides financeiras.
Para justificar a interrupção dos pagamentos, a empresa alega ter sido vítima de um ataque hacker “extremamente agressivo”, mas depois mudou a narrativa alegando ter sido vítima de um golpe de falsa listagem.
O então advogado da companhia, Assuramaya Kuthumi, afirmou na época que a empresa havia perdido R$ 160 milhões no incidente. Evidências on-chain, no entanto, localizaram uma perda de apenas R$ 1,1 milhão em tokens que a BlueBenx supostamente perdeu ao cair em um esquema de falsa listagem, transferidos posteriormente para a corretora Binance, segundo apuração do Portal do Bitcoin na época.
Cardassi foi convocado para falar na CPI das Pirâmides Financeiras na condição de testemunha, mas não compareceu por estar foragido na ocasião. Em seu relatório final, a CPI recomendou que o Ministério Público fosse atrás de Roberto Cardassi para apurar sua conduta na Bluebenx e, se necessário, propor uma ação penal.
- Quer fazer uma denúncia? Envie um e-mail para denuncia@portaldobitcoin.com
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