‘Ataque dos clones’: Coinbase alerta sobre riscos do modelo de tesouraria de Bitcoin da Strategy

A Coinbase emitiu um alerta contundente na quinta-feira (12) às empresas de capital aberto que estão apostando tudo no Bitcoin: os ganhos podem ser viciantes agora — mas, quando a música parar e os preços caírem, o desastre pode ser inevitável.

Em um relatório sobre as perspectivas do mercado cripto para o segundo semestre de 2025, o chefe de pesquisa da Coinbase, David Duong, previu que a recente tendência de corporações americanas criarem tesourarias bilionárias em Bitcoin pode ser positiva no curto prazo, mas representa “riscos sistêmicos” para todo o ecossistema de criptomoedas no médio e longo prazo.

Na esteira de grandes empresas listadas em bolsa, como a Strategy e a Tesla, que gastaram bilhões de dólares comprando Bitcoin, mais de uma centena de outras companhias negociadas em Wall Street seguiram o mesmo caminho nos últimos meses.

No total, 126 empresas de capital aberto atualmente detêm, juntas, 819.857 BTC — uma soma avaliada em mais de US$ 87 bilhões no momento da redação, segundo o site BitcoinTreasuries.net.

Essa dinâmica criou um cenário potencial de “ataque dos clones”, segundo a Coinbase, no qual a tendência viral pode em breve desencadear consequências devastadoras.

O incentivo para que empresas de capital aberto comprassem Bitcoin tornou-se irresistível em dezembro, afirmou Duong. Naquele mês, novas regras contábeis passaram a permitir que essas companhias registrassem ganhos não realizados com criptoativos em seus balanços.

Essa mudança coincidiu com uma alta massiva (e ainda em andamento) do Bitcoin. Assim, nos últimos meses, dezenas de empresas de capital aberto investiram coletivamente bilhões de dólares na principal criptomoeda do mundo — como uma forma fácil de impulsionar o preço de suas ações.

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Até mesmo a empresa de mídia do presidente dos EUA, Donald Trump, também listada em bolsa, levantou US$ 2,4 bilhões no mês passado para formar sua própria tesouraria em Bitcoin, seguindo a tendência que GameStop e muitas outras empresas adotaram recentemente.

E quando o Bitcoin cair?

Duong alerta, no entanto, que quando o preço do Bitcoin começar a cair, essas empresas — que levantaram capital barato para comprar a criptomoeda por meio da emissão de debêntures conversíveis — terão que começar a pagar seus investidores e provavelmente serão forçadas a “vender seus criptoativos, possivelmente com prejuízo”.

“Assim, o receio é que vendas indiscriminadas por várias entidades ao mesmo tempo (para honrar essas dívidas) possam levar a liquidações no mercado e a uma queda generalizada nos criptoativos”, escreveu Duong.

“Se os preços começarem a cair e essas entidades perceberem uma saída cada vez mais estreita, outras podem correr para vender também, desestabilizando o mercado antes mesmo que surjam problemas reais de pagamento da dívida”, acrescentou.

Embora o analista antecipe que uma calamidade desse tipo não seria tão devastadora quanto os colapsos anteriores do mercado cripto, e diga estar “confiante na trajetória ascendente do Bitcoin mesmo diante desses riscos”, ele ainda assim classificou o possível impacto de tal cenário como “sistêmico”.

Nos últimos dias, outros analistas começaram a soar alarmes semelhantes. Na semana passada, o banco Standard Chartered previu que cerca de metade das empresas de capital aberto não ligadas ao setor cripto, mas com reservas em Bitcoin, ficariam no prejuízo se o ativo caísse abaixo de US$ 90 mil.

No mês passado, o próprio CEO da Coinbase, Brian Armstrong, afirmou que apostar tudo em uma reserva de Bitcoin, como fez a Strategy, teria sido uma decisão “arriscada demais” nos primeiros anos da empresa.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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