Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que estão buscando a apreensão de 127.271 Bitcoins, atualmente avaliados em mais de US$ 14,2 bilhões (R$ 77 bilhões), na maior ação desse tipo na história do Departamento de Justiça.
O Escritório do Procurador dos EUA para o Distrito Leste de Nova York e a Divisão de Segurança Nacional do Departamento apresentaram a denúncia civil de confisco contra Chen Zhi, fundador e presidente do Prince Holding Group, um conglomerado empresarial multinacional com sede no Camboja.
O DOJ já tem a custódia dos Bitcoins. As autoridades federais alegaram nesta terça-feira (14) que Zhi liderava um esquema de fraude conhecido como “abate de porco” (pig butchering), que roubou bilhões de dólares de vítimas nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
Segundo a acusação, pessoas eram traficadas para complexos que funcionavam como “campos de trabalho forçado”, sendo obrigadas a operar os esquemas sob ameaça de violência.
Os esquemas de “abate de porco” — originados na China — enganam as vítimas para que entreguem dinheiro após conquistarem sua confiança, geralmente por meio de perfis falsos em redes sociais e histórias comoventes. O nome vem da ideia de “engordar o porco antes do abate”, ou seja, ganhar a confiança da vítima antes de aplicar o golpe.
“Conforme alegado, o réu dirigiu uma das maiores operações de fraude de investimento da história, alimentando uma indústria ilícita que está atingindo proporções epidêmicas”, disse o procurador Joseph Nocella Jr.
“Os esquemas de investimento do Prince Group causaram bilhões de dólares em perdas e sofrimento incalculável às vítimas ao redor do mundo, inclusive aqui em Nova York, às custas de pessoas traficadas e forçadas a trabalhar contra a própria vontade”, acrescentou.
Se condenado, Zhi pode pegar até 40 anos de prisão pelas acusações de conspiração para fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro, segundo o DOJ. Ele ainda está foragido.
A acusação também afirma que Zhi, cidadão da China, Camboja, Vanuatu, Santa Lúcia e Chipre, subornou policiais chineses para continuar operando o esquema.
O dinheiro roubado das vítimas era usado para comprar Bitcoin e outras criptomoedas “limpas”, segundo a acusação.
Também foi usado para financiar operações de mineração de criptomoedas no Laos, China e Texas. Em um determinado momento, uma das operações de mineração baseadas na China de Zhi era considerada a sexta maior operação de mineração de Bitcoin do mundo, segundo as autoridades.
Pesquisas feitas no início deste ano mostraram que criminosos do México à Rússia usaram o mercado negro chinês para lavar bilhões em criptomoedas.
Ari Redbord, chefe de políticas globais da TRM Labs, disse ao site Decrypt que, apesar da operação estar sediada no Camboja, havia “claramente uma dimensão chinesa” no caso.
“Muitas dessas redes operam nas sombras de interesses comerciais chineses e dependem de infraestrutura financeira e empresas de fachada ligadas à China para lavar os lucros”, afirmou.
“Combinando acusações criminais, sanções, ações do tipo 311 e confisco de bens, os EUA e seus aliados estão indo além de apenas identificar criminosos — estão desmantelando sistematicamente a estrutura financeira e logística que os sustenta”, acrescentou Redbord. “Isso não é um caso isolado. É parte de uma campanha mais ampla para derrubar todo o ecossistema — desde os operadores de golpes até as exchanges, transmissores de dinheiro e facilitadores que movimentam os fundos globalmente.”
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
A liquidação do mercado de criptomoedas ocorrida no último final de semana, a maior da história do setor, teve um elemento específico: os preços de alguns ativos muito mais baixos na Binance, corretora com maior volume do mundo, do que em comparação com todas as principais exchanges globais. Agora, o mercado começa a analisar o que ocorreu e suspeitas de uma manipulação de alta escala começam a ganhar volume.
Paridade do USDe na Binance
O que parece ser central neste caso foi a perda da paridade na Binance da stablecoin USDe, criada pelo projeto Ethena Labs e que é a terceira maior do mercado. O preço do USDe chegou a cair para US$ 0,65 na Binance, enquanto na Curve, um mercado descentralizado com foco em stablecoins, a variação de preço foi até um piso de US$ 0,995, uma flutuação normal na rotina de negociação destes ativos.
O gráfico abaixo mostra essa flutuação da USDe na Curve e foi compartilhado por Guy Young, fundador da Ethena Labs:
Young disse em seu perfil no X que em outras plataformas foram redimidos US$ 2 bilhões em USDe em menos de 24 horas no período do crash e não houve nenhum problema no processo ou perda de paridade.
O que ocorreu, na visão de Young, é que a Binance fixa as cotações usando o seu próprio livro de ordens interno e não um sistema de oráculos que busca os dados dos principais pools de liquidez do mercado.
“A discrepância severa de preço foi isolada a um único local que referenciava o índice do oráculo no seu próprio livro de ordens, não no maior pool de liquidez, e estava enfrentando problemas de depósito e retirada durante o evento, o que não permitiu que os market makers fechassem o ciclo”, disse Guy Young.
Ataque coordenado na Binance?
O argumento para um ataque coordenado foi elaborado pelo trader Elon Trades no X. Ele apontou que o ataque usou uma brecha do sistema de Conta Unificada da Binance, que permitia que traders usassem ativos como USDe, wBETH e BNSOL como garantia.
Como também ressaltou Guy Young, fundador da Ethena Labs, Elon Trades apontou que o risco estava no fato de que “em vez de preços de oráculos ou de resgate, a Binance avaliava esses ativos usando seu próprio mercado à vista — uma vulnerabilidade grave”.
Ao que parece, a própria Binance entendeu que o sistema era problemático, já que anunciou no dia 6 de outubro uma correção para mudar para precificação baseada em oráculos, mas a implantação só ocorreria em 14 de outubro, deixando uma janela de 8 dias.
Trades entende que atores sofisticados manipularam os livros de ordens da Binance, despejando cerca de US$ 60 a US$ 90 milhões em USDe, fazendo seu preço cair para US$ 0,65 (só na Binance, enquanto permanecia US$ 1 nas outras corretoras).
“Como a Conta Unificada marcava as garantias pelos preços internos, isso apagou instantaneamente o valor da margem e desencadeou liquidações forçadas entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão. Então, a manchete da tarifa de 100% de Trump para a China caiu, ampliando o pânico e a pressão sobre a liquidez”, disse.
Para fechar sua tese de foi um ataque coordenado, Trades aponta que no mesmo dia, novas carteiras na Hyperliquid abriram US$ 1,1 bilhão em posições vendidas de BTC/ETH, financiadas por US$ 110 milhões em USDC provenientes de fontes ligadas à Arbitrum.
Enquanto a cascata da Binance acontecia, BTC e ETH despencaram, e essas posições geraram US$ 192 milhões em lucro antes de serem fechadas no fundo do mercado.
“Tempo, precisão e caminhos de financiamento sugerem coordenação.”
Altcoins que foram à zero somente na Binance
Mas não foi apenas a stablecoin da Ethena que caiu muito mais na Binance do que em outros lugares. Diversas altcoins caíram com muito mais força na corretora do que em suas concorrentes. Tokens como Cosmos, IoTeX, e Enjin viram sua cotação chegar a zero na Binance, enquanto que em concorrentes essas quedas ficaram em uma faixa de 46% a 64%.
Para Elon Trades, a perda de paridade do USDe cortou instantaneamente o valor das garantias para quem usava esse ativo na Conta Unificada da Binance. “Essas chamadas de margem desencadearam uma segunda onda de liquidações, que não é visível nos gráficos de preço como uma nova queda, mas aparece como vendas forçadas e contas quebradas exatamente no fundo ou logo depois”, disse Trades.
Arthur Hayes, ex-CEO da BitMEX e trader reconhecido, comentou no X que a liquidação automática de garantias em posições cruzadas nas grandes exchanges centralizadas (CEXs) foi o principal motivo pelo qual muitas altcoins sofreram quedas tão bruscas durante o movimento de baixa. Para ele, esse movimento eliminou muitos “stink bidders” — compradores que apostavam em preços baixos — e que dificilmente voltarão a ver esses níveis tão depressa em altcoins de alta qualidade.
Além das explicações técnicas sobre o crash, surgem também suspeitas de que a Binance teria agido de forma controversa durante o episódio. Gean Pierre da Matta, especialista em mercado cripto, levantou um ponto polêmico no X:
“As exchanges de cripto usam market makers (empresas que fornecem liquidez para os pares de negociação). A Binance, por exemplo, trabalha com a Wintermute, uma firma frequentemente suspeita de orquestrar manipulações de mercado.”
Segundo Matta, o que teria acontecido é que “os market makers desligaram seus bots de liquidez” exatamente no momento do crash. Isso deixou as altcoins “sem ordens de compra, enquanto stop losses foram acionados — e, ‘coincidentemente’, a Binance congelou, impedindo que qualquer um comprasse”. Ele reforça que essas ordens de compra teriam ajudado a “absorver a pressão vendedora e fornecer liquidez durante a queda”.
Ainda mais intrigante, Matta aponta que “parece algo altamente coordenado, especialmente considerando que, pouco antes, a Wintermute transferiu US$ 700 milhões para a Binance”.
Para ele, fica a dúvida: “Você realmente acha que a Binance não tem a tecnologia para lidar com um crash desse tamanho sem congelar? Nenhuma outra grande exchange parou.”
E finaliza: “A grande questão é: por que a Binance congelou?”
Binance se explica e anuncia mudanças
A corretora de criptomoedas Binance já começou a se pronunciar sobre os fatos ocorridos. A empresa informou que pagou US$ 283 milhões (cerca de R$ 1,57 bilhão) aos seus usuários após três ativos da Binance Earn perderem a vinculação em relação ao preço pretendido após a forte queda do mercado cripto na sexta-feira (10).
No sábado, Yi He, cofundadora e diretora de atendimento ao cliente da Binance, pediu desculpas aos usuários em uma postagem no X por conta da perde de paridade dos preços de três ativos da Binance Earn: a stablecoin USDe da Ethena, o token de staking líquido Solana BNSOL, emitido pela Binance, e o token de staking líquido Wrapped Beacon, WBETH.
A corretora afirma que a compensação foi para usuários de futuros, margem e empréstimos que possuíam USDE, BNSOL ou WBETH como garantia e foram impactados entre 21h36 e 22h16 UTC (18h36 e 19h16 no Brasil), além de usuários com perdas verificadas em transferências internas/resgates de Earn. Apesar dos problemas na Binance, os ativos não sofreram desvinculação tão significativa em outras plataformas.
Em outro anúncio, a Binance detalhou as mudanças que fará nos mercados afetados para se proteger contra futuras desvinculações, adicionando os preços de resgate dos ativos às ponderações do índice para estabilizar oscilações futuras e estabelecendo um piso de preço suave no índice de referência para USDe.
Por fim, a corretora explicou outros movimentos extremos de preço em tokens como IOTX e ATOM, este último chegando a cair abaixo de US$ 0,01 na Binance antes de se recuperar para seu preço atual em torno de US$ 3,50.
“Ordens limitadas históricas (algumas datando de anos anteriores, até 2019, por exemplo, IOTX e ATOM) permaneceram abertas na plataforma”, escreveu a Binance. “Durante a liquidação extrema do mercado e a ausência de ordens de compra, ordens de venda continuam a ser executadas contra essas ordens limite de longa data, levando os preços dos tokens a uma queda acentuada e momentânea.”
A Binance também afirmou que o par de negociação IOTX/USDT exibiu um valor de US$ 0, porque o site da corretora não exibia casas decimais suficientes, e planeja corrigir esse problema de exibição.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
Um conto escrito pelo romancista ganhador do Prêmio Nobel László Krasznahorkai chama as criptomoedas de “a melhor prova” de que o dinheiro é virtual.
Na semana passada, a Academia Sueca concedeu ao romancista húngaro o Prêmio Nobel de Literatura de 2025.
Krasznahorkai recebeu a homenagem pelo que o comitê chamou de “uma obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
A referência inesperada às criptomoedas em sua obra chamou a atenção da comunidade de ativos digitais.
A referência às criptomoedas aparece em um de seus contos recentes, “Um Anjo Passado Acima de Nós”, que foi traduzido para o inglês e publicado na The Yale Review em fevereiro. O conto retrata um soldado se dirigindo a um camarada imóvel como se ele ainda estivesse ouvindo sua discussão sobre criptomoedas, blockchain e crenças.
A história começa em uma trincheira ucraniana destruída, onde os dois jazem feridos após uma saraivada de mísseis atingir seu local.
O monólogo sobre criptomoedas começa com uma meditação sobre dinheiro.
O soldado diz que “o dinheiro há muito tempo é virtual; hoje em dia, a melhor prova disso são as criptomoedas”. Ele acrescenta: “Não é difícil prever que as criptomoedas serão importantes para nossas sociedades. Hoje já sabemos disso, então não é uma afirmação absurda; a verdadeira questão é como fazê-lo bem”.
Muitas pessoas “acham que entusiasmo é suficiente, mas não, muito conhecimento é necessário, e esse conhecimento requer uma visão mais ampla, porque é preciso saber o que é criptomoeda e o que não é, para que serve ou não”, continua o soldado fictício.
O que começou como uma conversa sobre “conhecimento” se transformou em profecia: para entender as criptomoedas, diz o soldado, “você precisa de uma visão geral criteriosa, tudo bem, mas também precisa de uma visão”.
A partir daí, o sermão se aprofunda, com o soldado insistindo que blockchain é “uma das maiores invenções da história recente”.
“Criptomoedas, na minha opinião — e aqui ele aponta para si mesmo — são sobre inovação. Criptomoedas, juntamente com o blockchain, são um modelo operacional que possibilita certas qualidades, como autenticidade, uniformidade, identificabilidade e uma tremenda flexibilidade ou, se preferir, extraterritorialidade”, diz ele.
O sistema atual “tem limitações físicas”, continua o soldado, acrescentando que, à medida que “diferentes tipos de criptomoedas surgirem e se tornarem mais difundidos, serão fortalecidos por uma utilidade que permeia a sociedade”.
Esses fatores tornariam “as criptomoedas ainda mais confiáveis, cada vez mais inseridas na sociedade global”, argumenta o soldado.
À medida que “explosões mais fortes além da trincheira onde se encontravam” surgem, ele muda de posição e fez uma pausa, firmando o tom.
“Então, que seja criptomoeda”, diz ele, “não importa como você a chame, dinheiro é uma questão de fé”.
A ideia fica clara, “à medida que testemunhamos o nascimento do mundo das criptomoedas”, diz o soldado, acrescentando que “no futuro, o capital e o valor serão baseados em ações — o modelo já existe nas criptomoedas”.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
No último fim de semana, o mercado de criptomoedas viveu um dos episódios mais violentos de sua história. Em questão de horas, mais de US$ 19 bilhões em posições foram liquidados, o Bitcoin despencou para perto dos US$ 100 mil e o valor total do setor chegou a encolher em mais de US$ 1 trilhão.
O movimento, descrito por analistas como um verdadeiro “banho de sangue”, foi deflagrado por tensões comerciais entre Estados Unidos e China e amplificado por um mercado extremamente alavancado e com baixa liquidez em algumas exchanges. Agora, investidores tentam entender se o choque foi apenas um evento pontual ou o início de um ciclo mais prolongado de correção, ou mesmo um bear market.
Segundo Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, o que ocorreu no dia 10 de outubro foi “um evento fora da curva”. Ela explica que as declarações do presidente Donald Trump sobre novas tarifas comerciais serviram de gatilho para uma onda de liquidações em cadeia.
“Em questão de minutos, bilhões foram liquidados. Foi um daqueles eventos pontuais que acabam ganhando proporções enormes. Parte da reação do mercado foi amplificada por alta alavancagem e livros de ofertas rasos em algumas exchanges, o que produziu um dos crashes mais violentos da história do mercado cripto”, afirma.
De acordo com Ana, o impacto foi real, mas isso não significa que o setor tenha entrado em um novo ciclo de baixa. “Ainda não dá pra cravar que entramos num bear market prolongado. Os fundamentos das criptos mais sólidas, aquelas com adoção real, utilidade e interesse institucional, seguem intactos”, diz.
Queda pontual ou início de ciclo de baixa?
A visão é compartilhada pelo time de Research do Mercado Bitcoin, que considera o episódio um movimento técnico de desalavancagem, e não o início de um bear market. “Nos próximos dias, o mercado deve seguir em um movimento de recuperação gradual, após o ‘flash crash’ provocado pelo aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China”, diz a equipe, que vê sinais de estabilização à medida que o temor de uma guerra comercial perde força.
“O principal fator que gerou a queda — o temor de uma nova guerra comercial — começa a perder força, já que ambos os países voltaram a sinalizar disposição ao diálogo.”
Mesmo assim, o MB alerta que o cenário continuará volátil e sensível a qualquer nova declaração vinda de Washington ou Pequim. O mercado, ressaltam os analistas, opera sem muitos dados econômicos recentes em função do shutdown do governo norte-americano, o que aumenta o peso de notícias políticas sobre os preços. Ainda assim, eles acreditam que o episódio foi pontual.
“Tivemos uma desalavancagem intensa e uma queda abrupta, mas, ao ampliarmos o horizonte, vemos entradas robustas nos ETFs americanos no início de outubro, reforçando a tese do Uptober”, afirmam. O time acrescenta que grandes instituições, incluindo a BlackRock, aproveitaram a correção para acumular Bitcoin quando o ativo chegou a cair para US$ 105 mil, o que indica que ainda há demanda forte por criptoativos.
Já a equipe de análise da Bitfinex confirma a magnitude do movimento: após atingir US$ 126 mil na semana anterior, o Bitcoin chegou a cair brevemente abaixo de US$ 103 mil, acumulando uma desvalorização de 18%. O Ether também recuou de US$ 4.750 para US$ 3.500, enquanto diversas altcoins despencaram mais de 80%. “Foi o maior evento de liquidação da história do mercado cripto em valor nominal, superando até os recordes registrados durante a crise da COVID e o colapso da FTX”, diz o relatório.
Para a Bitfinex, o gatilho foi uma onda de vendas à vista após o aumento das tensões comerciais, que provocou um desequilíbrio entre oferta e demanda nas principais exchanges de até 2,5 vezes. Assim que as notícias sobre novas tarifas foram divulgadas, os contratos futuros ampliaram a pressão vendedora, enquanto dados técnicos mostravam predominância de ordens de venda tanto no mercado à vista quanto no de contratos perpétuos.
Apesar do pânico, a análise da corretora indica que quedas tão bruscas costumam ser seguidas por movimentos de recuperação técnica, conforme a volatilidade diminui e o excesso de alavancagem é eliminado. “Para o Bitcoin, voltar a se firmar acima de US$ 110 mil seria um sinal de estabilização e poderia abrir caminho para uma recuperação até a faixa dos US$ 117 mil–US$ 120 mil. Caso contrário, o ativo pode retestar o patamar dos US$ 100 mil”, apontam os analistas.
Nesta segunda-feira (13) à tarde, o Bitcoin operava em torno de US$ 114.600, uma leve alta em relação ao dia anterior e tentando voltar a encostar nos US$ 120 mil.
Cenário econômico incerto
O contexto macroeconômico também desempenha papel importante na recuperação do mercado. A ata mais recente do Federal Reserve mostrou divisões internas sobre o ritmo e a intensidade dos próximos cortes de juros nos Estados Unidos. Enquanto parte do comitê defende medidas de estímulo para conter a desaceleração do emprego, outros membros temem que o progresso no combate à inflação tenha parado e alertam contra cortes precipitados.
Esse impasse, somado ao shutdown do governo e à falta de novos dados oficiais, cria um ambiente de incerteza que torna o mercado cripto ainda mais suscetível a rumores e declarações políticas.
Apesar disso, analistas destacam que os fundamentos macro continuam positivos. A expectativa de novos cortes de juros até o fim do ano pode redirecionar capital de renda fixa para ativos de maior retorno, como o Bitcoin e outras criptomoedas. Além disso, há perspectivas regulatórias favoráveis, incluindo a possível aprovação de ETFs de altcoins ainda em 2025, o que tende a fortalecer a confiança institucional.
No curto prazo, a maior incerteza é se o Bitcoin conseguirá se manter acima dos US$ 110 mil, patamar considerado chave para indicar estabilização e retomada. Se o movimento se consolidar, há espaço para recuperação até a região dos US$ 120 mil. Caso contrário, o mercado pode testar novamente os US$ 100 mil antes de encontrar suporte mais firme. Ainda assim, os especialistas ouvidos são unânimes em afirmar que o episódio foi amplamente técnico e que os fundamentos do setor permanecem sólidos.
Em resumo, o mercado de criptomoedas passa por uma fase de reequilíbrio. A liquidação em massa eliminou parte da alavancagem excessiva, criando condições para uma retomada mais saudável. A volatilidade deve continuar alta, mas os sinais de recuperação, o interesse institucional e o contexto macroeconômico favorável sugerem que o episódio foi apenas um tropeço em um ciclo ainda predominantemente positivo.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
O CEO da BlackRock, Larry Fink, mais uma vez demonstrou uma aprovação cautelosa aos investimentos em criptomoedas e recuou em declarações feitas em outubro de 2017, quando chamou o Bitcoin de “índice de lavagem de dinheiro”.
Em entrevista à CBS no domingo, Fink afirmou: “Eu disse que o Bitcoin, porque era dele que estávamos falando na época, era domínio de lavadores de dinheiro e ladrões”.
“Mas você sabe, o mercado te ensina que é preciso sempre reavaliar suas suposições. Há um papel para as criptomoedas da mesma forma que há um papel para o ouro — ou seja, como um ativo alternativo”, disse ele.
Em seus comentários mais recentes, no entanto, Fink também fez um alerta. “Para quem busca diversificação, não é um ativo ruim, mas não acredito que deva ser um componente importante do seu portfólio”, acrescentou.
A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, administra cerca de US$ 12,5 trilhões. A empresa lançou um dos primeiros ETFs de Bitcoin à vista dos EUA em 2024, após aprovação regulatória da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). Seu ETF iShares Bitcoin Trust é o maior ETF de criptomoedas, com mais de US$ 93,9 bilhões em ativos sob gestão.
Nova visão sobre Bitcoin
A mudança de tom de Fink ao longo dos anos acompanha um abrandamento mais amplo da postura de Wall Street em relação às criptomoedas. Ele fazia parte de um grupo de CEOs que antes rejeitavam completamente o Bitcoin.
Em 2017, chamou a moeda de “índice de lavagem de dinheiro”, enquanto o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, a descreveu como “uma fraude” e disse que quem a possuía era “estúpido”, comparando o ativo à mania das tulipas na Holanda dos anos 1630.
Desde então, o clima mudou, com Fink adotando um tom mais conciliador a partir de 2023. Grandes empresas financeiras, de gestoras de ativos a bancos de investimento, estão entrando gradualmente no setor de criptomoedas, impulsionadas pela demanda dos investidores — mesmo com alertas sobre volatilidade e riscos regulatórios.
Em uma carta aos investidores no início deste ano, o próprio Fink observou que metade da demanda pelo ETF de Bitcoin da BlackRock veio de investidores de varejo — e que três quartos desses investidores nunca haviam comprado um produto iShares antes.
O diretor de investimentos da Sygnum, Fabian Dori, disse ao Decrypt que, especialmente após a reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, a adoção dos criptoativos passou do envolvimento institucional para a adoção institucional.
“Se ainda havia necessidade de confirmação da crescente adoção institucional, ela provavelmente foi dada pelo CEO da BlackRock, Larry Fink, ao apontar o Bitcoin como um possível substituto do dólar como moeda de reserva global caso a situação da dívida dos EUA saia do controle”, afirmou. “Esses desenvolvimentos elevaram a dominância do Bitcoin — a fatia do valor de mercado do Bitcoin em relação ao mercado total de criptoativos — a um nível não visto há anos.”
Gestoras de ativos tradicionais de alcance global, como a BlackRock e a Fidelity, já incluíram o Bitcoin na alocação estratégica de alguns de seus produtos de investimento. Enquanto isso, empresas como Tesla, Strategy e Metaplanet incorporaram o Bitcoin em suas estratégias corporativas como proteção contra a inflação.
Dori acrescentou que as instituições estão interessadas em três casos de uso principais: criptoativos específicos como reserva alternativa de valor, como meio alternativo de pagamento e como infraestrutura de próxima geração que possibilita economias baseadas em aplicações descentralizadas — ou seja, dentro do ecossistema Web3.
“O aumento da incerteza macroeconômica, das tensões geopolíticas e do risco crescente de desvalorização cambial são fatores que reforçam os atributos do Bitcoin como porto seguro ou reserva de valor”, disse ele.
Ainda assim, nem todos estão convencidos.
Na semana passada, a plataforma britânica de investimentos Hargreaves Lansdown alertou seus usuários para evitarem o Bitcoin, chamando-o de um ativo com “nenhum valor intrínseco”. Em um comunicado aos clientes, a empresa afirmou que as criptomoedas “não devem ser usadas como base para alcançar os objetivos financeiros dos clientes”.
Mas as empresas continuam sentindo a pressão para atender à demanda dos clientes por esse tipo de produto. A própria Hargreaves Lansdown, que administra US$ 226,8 bilhões (£170 bilhões) em ativos, disse que ainda permitirá que investidores qualificados tenham acesso a novos títulos negociados em bolsa de criptoativos no Reino Unido, apesar do alerta.
O Bitcoin é negociado acima de US$ 114,8 mil nesta segunda-feira, com alta de 1% nas últimas 24 horas, segundo o CoinGecko. A recuperação de preço ocorre após uma queda acentuada na sexta-feira, quando o valor despencou de US$ 121 mil para US$ 109 mil em poucas horas, provocando quase US$ 20 bilhões em liquidações — incluindo cerca de US$ 16,7 bilhões em posições compradas.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
A versão 30.0 do Bitcoin Core, principal software para rodar a rede Bitcoin, foi lançada no domingo (12), trazendo uma das mudanças mais debatidas dos últimos tempos: o aumento do espaço permitido para dados no campo OP_RETURN, que passou de 80 bytes para até quase 4 MB por transação.
A mudança amplia significativamente o que pode ser armazenado diretamente na blockchain, algo que acende debates sobre o uso da rede para fins além das transferências monetárias.
O campo OP_RETURN, usado para embutir dados arbitrários em transações de Bitcoin, sempre foi limitado para evitar abusos. Agora, com a nova versão, os desenvolvedores flexibilizam essa regra ao permitir múltiplas saídas OP_RETURN por transação, com um novo limite agregado de até 100.000 bytes por padrão, e que na prática é limitado apenas pelo tamanho máximo da transação.
A alteração gerou polêmica. Desenvolvedores como Peter Todd apoiaram a mudança, argumentando que os limites antigos já eram contornados de forma não oficial e que a atualização torna o Bitcoin mais flexível e programável. Por outro lado, críticos alertam que o maior espaço para dados pode congestionar a rede e encarecer as taxas, prejudicando seu uso como sistema de pagamentos.
Porém, o aumento do espaço no OP_RETURN não foi a única mudança do Bitcoin Core 30.0.
Outra atualização importante foi a introdução de um limite para operações de assinatura em transações padrão. A partir desta versão, cada transação pode executar no máximo 2.500 dessas operações, usadas para validar se os fundos estão sendo gastos corretamente. A medida não afeta o funcionamento normal de transações comuns e foi implementada como preparação para futuras propostas de melhoria na rede, como a BIP54.
A política de taxas também passou por ajustes relevantes. A taxa mínima para inclusão de transações em blocos por mineradores (a chamada block minting fee) foi reduzida para 0,001 satoshi por vbyte. Já as taxas mínimas de retransmissão e de incremento — usadas para decidir se uma transação será repassada pela rede ou se será considerada em pacotes de substituição — foram fixadas em 0,1 sat/vB.
Apesar dessas mudanças nas taxas, os desenvolvedores alertam que essas são apenas configurações padrão: cada nó pode definir seus próprios limites, e transações com taxas muito baixas ainda podem ser ignoradas por boa parte da rede se essas configurações não forem adotadas amplamente.
Apesar da polêmica em torno do OP_RETURN, a versão 30.0 do Bitcoin Core trouxe uma série de outras melhorias que, embora mais silenciosas, devem ter impacto significativo na robustez e desempenho do software. Quem ajuda a enxergar o quadro mais amplo é Mike Schmidty, diretor executivo da Brink (organização que apoia o desenvolvimento de código aberto no ecossistema Bitcoin) e um dos colaboradores do Bitcoin Optech.
Em uma análise publicada na rede X, Schmidty destacou que o Bitcoin Core 30.0 incorporou 577 pull requests (PRs) — contribuições individuais de código que passaram por revisão e foram aprovadas. Segundo ele, isso mostra que, mesmo sendo um projeto altamente conservador e focado em segurança, o Bitcoin Core exige um esforço constante de manutenção e aprimoramento técnico.
A maior parte dessas mudanças está concentrada em áreas como testes automatizados (181 PRs), sistema de compilação (70 PRs) e documentação (70 PRs). Schmidty chama atenção especialmente para a expansão da cobertura de testes do tipo fuzzing, técnica que busca descobrir bugs inesperados ao submeter o código a entradas aleatórias. Isso contribui para que o software do nó se torne ainda mais resiliente a falhas.
Outro destaque foram as melhorias no sistema de build, com a adoção do CMake, um framework moderno que facilita a construção do Bitcoin Core em diferentes plataformas. Isso também abre espaço para avanços como o suporte aprimorado ao Stratum v2, protocolo que fortalece a descentralização da mineração.
A versão 30.0 também marca a conclusão de um projeto de cinco anos: a migração completa da carteira interna para o sistema de “descriptor wallets”, mais moderno e seguro, que facilita a integração com aplicações e melhora a experiência do usuário.
Embora não tenha aparecido nas notas oficiais da versão, Schmidty também revelou que o processo de sincronização inicial de blocos (IBD) está 20% mais rápido em comparação com a versão 29 — e mais de duas vezes mais rápido que nas versões 25 e 23. Isso deve beneficiar operadores de nós que precisam sincronizar do zero com a blockchain.
Por fim, Schmidty apontou que as mudanças de política — como o novo limite de 2.500 operações de assinatura e os ajustes nas taxas mínimas — representam apenas uma pequena fração das alterações desta versão. “Você pode discordar da mudança no OP_RETURN e ainda assim reconhecer que as demais melhorias são benéficas e provavelmente estarão presentes em outras implementações do Bitcoin Core, como o Knots ou o Libre Relay”, escreveu.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
O mercado de criptomoedas viveu na sexta-feira, 10 de outubro, uma das maiores turbulências de sua história. Em um único dia, US$ 19,3 bilhões foram liquidados, mais de 10 vezes o volume registrado durante a pandemia de covid-19 ou a quebra da FTX. Agora, analistas tentam entender o que levou a esse colapso repentino.
A queda começou ainda pela manhã de sexta, depois que Donald Trump sugeriu o retorno de tarifas “massivas” sobre produtos chineses. O cenário piorou de vez no início da noite, quando o presidente dos EUA anunciou tarifas de 100% sobre as importações da China, reacendendo temores de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
A decisão foi uma resposta direta às medidas de controle de exportação de terras raras impostas por Pequim. A nova regra chinesa determina que qualquer produto fabricado no exterior com o uso desses elementos químicos precisa de uma licença de exportação.
As terras raras são um grupo de 17 minerais fundamentais para a produção de equipamentos de alta tecnologia, como carros elétricos, chips de computadores e sistemas de defesa. Uma vez que a China domina esse setor, respondendo por cerca de 90% do processamento mundial e 60% da extração desses materiais, as novas regras ameaçam abalar as cadeias globais de suprimento.
Trump classificou a decisão de Pequim como “extraordinariamente agressiva” e “um plano elaborado há muitos anos”. “É impossível acreditar que a China teria tomado uma atitude dessas, mas eles tomaram — e o resto é história”, escreveu ele na sexta.
Neste domingo, o Ministério do Comércio da China afirmou que o país não busca confronto, mas não vai hesitar em aplicar “medidas firmes e correspondentes” se Washington mantiver as novas tarifas.
“A China exorta os EUA a corrigirem imediatamente suas ações equivocadas e, sob a orientação do consenso alcançado entre os dois chefes de Estado, a preservarem os frutos das negociações arduamente conquistados”, disse o porta-voz da pasta em entrevista coletiva, segundo a Folha de S.Paulo.
Entendendo a queda das criptomoedas
Mas por que o Bitcoin e as criptomoedas despencaram de forma tão drástica com a volta das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, um conflito que, embora grave, não é inédito e nem afeta diretamente o setor cripto como outros episódios do passado?
A resposta está em uma combinação de fatores. A forte alavancagem de traders no mercado de derivativos, a ativação em cadeia de ordens automáticas de venda e a baixa liquidez em um momento atípico — noite de sexta-feira — criaram o cenário para a reação exagerada daquele dia. O que poderia ter sido apenas uma correção de preços, refletindo um evento macroeconômico que afeta os mercados de risco, se transformou em uma liquidação em massa.
Mas vale destacar: apesar do volume histórico das liquidações, a queda nos preços das principais criptomoedas não foi das mais severas. Isso indica que o movimento foi amplificado por posições altamente alavancadas, e não por uma reversão estrutural do mercado.
Para Jonathan Man, gerente de portfólio da Bitwise, o episódio se explica pela dinâmica entre os mercados perpétuos e os provedores de liquidez. Segundo ele, o sistema de alavancagem cria um efeito dominó: quando os preços caem rapidamente, os provedores reduzem a exposição, forçando novas liquidações e ampliando ainda mais o movimento de baixa.
“Todos os mercados perpétuos são jogos de soma zero, onde o lado perdedor paga o vencedor. No entanto, se os perdedores correm o risco de perder mais do que possuem, são liquidados para manter a solvência do sistema”, escreveu ele no X.
“Em um mercado funcionando normalmente, as liquidações acontecem de forma orgânica: a exchange assume a posição perdedora e ela é preenchida no livro de ordens por ofertas de compra e venda em espera. Porém, em períodos de incerteza, os provedores de liquidez passam a cotar com spreads maiores ou removem completamente sua liquidez.”
Man explica que o colapso se agravou por uma reação em cadeia típica dos mercados altamente alavancados. Segundo ele, quando os provedores de liquidez perdem confiança na própria capacidade de se proteger, precisam aumentar os spreads para compensar o risco de inventário ou até retirar liquidez para reforçar capital e margens em outras posições.
Outro fator que ampliou o caos foi o uso intensivo de um mecanismo conhecido como Auto De-leverage (ADL), usado por corretoras quando não há liquidez suficiente. De acordo com o diretor da Bitwise, o ADL é especialmente prejudicial aos traders, pois pode forçar o encerramento de operações lucrativas.
“Pode parecer injusto — por que ser punido por ter uma operação vencedora? — mas isso acontece porque não há dinheiro suficiente para pagar os lucros. Lembre-se: os contratos perpétuos são jogos de soma zero e, se todos os vendidos forem liquidados, os vencedores não podem receber”, explicou Man. Ele ressaltou que, nessas situações, as exchanges priorizam a própria solvência, e não a dos investidores.
A perda de paridade de criptomoedas importantes agravou ainda mais a crise. A terceira maior stablecoin do mercado, a USDe, emitida pela Ethena e amplamente utilizada em finanças descentralizadas (DeFi), chegou a cair para US$ 0,65 na Binance. Outros tokens, como BNSOL e WBETH, também perderam a paridade com o dólar, em um evento que ainda está sendo investigado.
“Esse episódio resultou em liquidações forçadas que afetaram as posições de alguns usuários”, reconheceu a Binance, acrescentando que investidores que sofreram perdas por falhas na plataforma poderão solicitar indenização.
No total, mais de 1,6 milhão de traders foram liquidados, segundo dados da CoinGlass. A Lookonchain identificou que mais de mil carteiras na plataforma Hyperliquid foram completamente eliminadas durante o crash, com um total de 6.300 carteiras em prejuízo e perdas combinadas superiores a US$ 1,23 bilhão. Entre elas, 205 perderam mais de US$ 1 milhão e outras 1.070 registraram prejuízos acima de US$ 100 mil.
“Ontem foi um lembrete de como nosso mercado ainda é frágil”, concluiu o analista da Bitwise. “Aqueles com excelência operacional sem dúvida se saíram melhor. Se você estava comprado, mas sem alavancagem, provavelmente sentiu o golpe, mas viverá para lutar outro dia. A boa notícia é que o mercado foi resetado e hoje está mais firme do que estava ontem. Em frente.”
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
Entre as criptomoedas mais negociadas pelos brasileiros, o XRP ocupa um espaço de destaque — e não é de hoje. Dados mais recentes da Receita Federal mostram que ela foi a quinta criptomoeda mais movimentada do país em 2024, com R$ 8,74 bilhões declarados em transações, ficando atrás apenas de USDT, Bitcoin, Ethereum e BRZ, mas à frente de ativos como Solana e BNB.
Nos primeiros cinco meses de 2025 — período com dados mais consolidados até o momento —, o XRP manteve um ritmo intenso, movimentando R$ 2,53 bilhões em negociações, o que evidencia a força de sua base de investidores locais e a consolidação de sua popularidade.
O apelo do XRP vai além da especulação. Desde sua criação pela Ripple Labs, a moeda foi desenhada com uma proposta clara: agilizar e baratear pagamentos internacionais.
“O XRP é um projeto já bem conhecido no mercado cripto e que possui uma finalidade bem definida, que é a de agilizar e baratear pagamentos transfronteiriços. Isso faz dessa criptomoeda um caso real de uso desse tipo de ativo para o sistema financeiro”, explica Bruna Cabús, associada sênior da 21Shares para a Península Ibérica e América Latina.
Segundo ela, essa utilidade prática diferencia o XRP de muitas outras moedas digitais que ainda buscam um propósito de longo prazo. A executiva lembra que a moeda já está “fortemente integrada como solução por centenas de bancos, fintechs e provedores de pagamento em todo o mundo”, e foi justamente essa adoção global que motivou a 21Shares a lançar um ETP dedicado ao XRP, o maior do mundo com exposição a esse ativo.
A 21Shares incluiu o produto entre os primeiros de sua estreia no mercado brasileiro, antes mesmo da liberação nos Estados Unidos, um indicativo da receptividade local. “Com a recepção positiva que o XRP conta junto ao investidor brasileiro, fez total sentido incluí-la entre nossos produtos iniciais no país”, afirma Cabús.
Para a própria Ripple, o Brasil ocupa uma posição estratégica dentro de seu plano global. Segundo Silvio Pegado, diretor da empresa para a América Latina, “a região é uma das que mais crescem em adoção de cripto e blockchain — e o Brasil se destaca como um dos principais motores desse movimento”.
Ele destaca que o país “conta com um ambiente regulatório progressista, forte participação institucional e uma comunidade vibrante de desenvolvedores”, fatores que consolidaram o Brasil como um polo mundial de inovação em blockchain. Sob a liderança do Banco Central, diz Pegado, o país se tornou referência internacional em ativos digitais.
A moeda que fala a língua do investidor brasileiro
Parte do sucesso do XRP no Brasil se deve à identificação do público com sua proposta de integração entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto. “O XRP conquistou uma base sólida de investidores, especialmente aqui no Brasil, por unir dois fatores importantes: reconhecimento de mercado e foco em casos de uso reais”, avalia Ricardo Dantas, CEO da Foxbit.
Para ele, a capacidade da moeda de servir como uma ponte entre bancos e blockchain desperta confiança em quem valoriza projetos com aplicação prática. “O principal diferencial do XRP está na sua proposta de facilitar transferências internacionais de forma rápida e com baixo custo, utilizando a tecnologia da Ripple. Esse foco em soluções de pagamento para instituições financeiras e remessas transfronteiriças posiciona o ativo como uma ponte entre o sistema bancário e o ecossistema cripto”, acrescenta.
Esse papel de ponte é justamente o coração da estratégia da Ripple no país. Pegado explica que o XRP funciona como o “ativo ideal para pagamentos de baixo custo e alta velocidade, atuando como uma ponte entre diferentes stablecoins, moedas fiduciárias e outros ativos”. Para ele, as stablecoins não representam uma ameaça, mas sim um complemento: “Há espaço para muitos vencedores no ecossistema, e as stablecoins aceleram o desenvolvimento de soluções de pagamentos e liquidez em blockchain”, afirma.
Além da utilidade, há também a força da narrativa. “Atrelada a narrativas de valorização rápida e especulação, o XRP (Ripple) atrai tantos investidores de varejo porque combina fatores de visibilidade, liquidez e percepção de oportunidade”, observa Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin.
Ele destaca que, em momentos de otimismo, o XRP costuma reagir com intensidade, tornando-se um ativo popular entre traders. Segundo ele, “dados mostram que o número de endereços ativos do XRP cresceu muito recentemente, o que indica que há participação forte de usuários comuns no ecossistema.”
Essa popularidade é sustentada por números globais expressivos. O XRP Ledger — a blockchain da moeda — tem processado mais de 2 milhões de transações diárias e já ultrapassou 7 milhões de carteiras registradas em todo o mundo, segundo dados de mercado.
Além de pagamentos, a rede tem se expandido no campo da tokenização de ativos do mundo real (RWA), com crescimento mensal superior a 30%, alcançando cerca de US$ 157 milhões em ativos tokenizados, segundo dados do rwa.xyz.
Silvio Pegado, da Ripple, destaca que esse movimento também se reflete em parcerias locais. Um dos exemplos é a colaboração com o Mercado Bitcoin, que está tokenizando mais de US$ 200 milhões em ativos financeiros regulados no XRP Ledger.
No Brasil, o interesse também é reforçado por fatores práticos: a moeda está listada em praticamente todas as grandes exchanges nacionais, como Foxbit e Mercado Bitcoin, e sua liquidez facilita a entrada de novos investidores. Em 2024, o país movimentou R$ 552 bilhões em criptomoedas declaradas, segundo a Receita Federal — um recorde histórico que consolidou o ambiente para ativos de uso comprovado como o XRP.
O bom momento da criptomoeda também se reflete no cenário internacional. Em 2025, o XRP protagonizou a maior estreia de ETF do ano, o que ampliou ainda mais sua visibilidade global. Pouco antes, a Ripple havia anunciado a aquisição da fintech Rail, permitindo que empresas brasileiras abrissem contas virtuais em dólares nos Estados Unidos, integrando de forma inédita o mercado local à sua rede de pagamentos. Essa expansão institucional e o fim da disputa judicial com a SEC nos Estados Unidos — que trouxe previsibilidade regulatória — impulsionaram o preço do ativo, levando-o a atingir novas máximas históricas recentes.
Na frente regulatória, Silvio Pegado afirma que a Ripple mantém diálogo contínuo com as autoridades brasileiras e norte-americanas. “A regulamentação bem elaborada não é uma barreira, mas um catalisador para liberar o verdadeiro potencial dos ativos digitais”, diz. Ele lembra que a empresa é membro da ABCripto desde janeiro de 2024 e mantém interlocução ativa com o Banco Central e o Congresso Nacional. “O diálogo transparente e construtivo entre a indústria e os reguladores é essencial para levar o setor cripto ao próximo nível”, completa.
De acordo com dados do CoinGecko, o XRP é hoje negociado a cerca de US$ 2,50, com valor de mercado superior a US$ 149 bilhões e volume diário acima de US$ 8 bilhões. A criptomoeda acumula alta de 30% em 2025, pouco acima de ativos como Bitcoin e Ethereum.
Apesar da forte queda do XRP na sexta-feira, que acompanhou o recuo dos principais ativos durante o maior evento de liquidação já registrado no mercado de criptomoedas, a perspectiva de longo prazo segue positiva. Como destaca Dantas: “O XRP continua sendo um ativo relevante no cenário global de criptoativos. O desfecho favorável das disputas regulatórias trouxe mais previsibilidade e reforçou a confiança do mercado.”
Com adoção institucional crescente, liquidez sólida e apelo junto ao investidor comum, o XRP consolidou um espaço singular no ecossistema cripto — especialmente no Brasil, onde o público valoriza tanto a praticidade quanto o potencial de valorização. O desafio agora é transformar essa popularidade em expansão sustentável, à medida que o mundo avança para uma nova fase da integração entre blockchain e finanças tradicionais.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, a líder da oposição venezuelana María Corina Machado, parece ser uma entusiasta do Bitcoin.
Machado, de 58 anos, que recebeu o prêmio na sexta-feira, afirmou no ano passado que o Bitcoin se tornou um “meio vital de resistência” para muitas pessoas no país.
Em entrevista à Bitcoin Magazine, Machado disse que o ativo já é utilizado há muito tempo pelos venezuelanos como forma de contornar o colapso econômico, e que a oposição espera adotar a mais antiga das criptomoedas “em uma nova Venezuela democrática”.
“Essa repressão financeira — enraizada no saque patrocinado pelo Estado, no roubo e na impressão desenfreada de dinheiro — aconteceu apesar dos nossos vastos recursos naturais e apesar de um boom do petróleo que atingiu US$ 147 em julho de 2008”, disse ela na entrevista de setembro de 2024.
“Alguns venezuelanos encontraram no Bitcoin uma tábua de salvação durante a hiperinflação”, continuou. “[O Bitcoin] evoluiu de uma ferramenta humanitária para um meio vital de resistência.”
“Enxergamos o Bitcoin como parte das nossas reservas nacionais, ajudando a reconstruir o que a ditadura roubou”, acrescentou.
Líderes da indústria cripto redescobriram a entrevista de um ano atrás após a notícia da vitória de Machado — e celebraram a conquista.
“Pela primeira vez na história, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido a uma Bitcoiner”, escreveu Jeff Park, diretor de investimentos da ProCap, na rede X.
Bradley Rettler, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Bitcoin da Universidade de Wyoming, acrescentou: “É maravilhoso ver a vencedora do Nobel da Paz, María Corina Machado, entender o Bitcoin como dinheiro de resistência”.
For the first time in history, the Nobel Peace Prize was awarded to a Bitcoiner.
Congratulations to Maria Corina Machado, and also to @HRF who continues to explain to the world what is so obvious to so many-
O Comitê Norueguês do Nobel concedeu o prêmio a Machado por “seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013 e governa com mão de ferro, impediu Machado de concorrer às eleições presidenciais de 2024. Após a vitória de Maduro, observadores internacionais afirmaram que a eleição não foi democrática.
Os venezuelanos utilizam criptomoedas há muito tempo como forma de escapar dos preços fora de controle. Uma combinação tóxica de controles cambiais, corrupção e sanções dos EUA levou o bolívar venezuelano a colapsar há quase dez anos.
O país ainda sofre com uma das maiores taxas de inflação do mundo, mas a nação sul-americana está hoje, em grande parte, dolarizada de maneira informal.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!
A velha comparação entre ouro e Bitcoin ganhou novos contornos nas últimas semanas quando os dois ativos passaram a “valer o mesmo”. Isso porque, com fortes altas de preços, 1 kg de ouro passou a valer, e até superar, o mesmo que 1 Bitcoin.
Ambos atingiram máximas históricas nas últimas semanas: o Bitcoin rompeu o patamar de US$ 126 mil — embora tenha recuado nos últimos dias para US$ 112 mil — enquanto o ouro ultrapassou a marca de US$ 4.000 por onça troy (unidade de medida mais comum para cotar o metal precioso).
Para entender melhor, é preciso explicar a mecânica da cotação: o ouro costuma ser negociado e exibido por onça troy, que equivale a cerca de 28,35 gramas. Isso significa que o valor por onça precisa ser convertido para se obter o valor por quilograma, ou seja, 1 Kg vale cerca de 35,27 onças.
No últimos 30 dias, o ouro saiu da casa de US$ 3.600 para mais de US$ 4.000, sendo cotado atualmente na casa de US$ 4.019. Para simplificar, considerando o valor redondo do metal em US$ 4 mil por onça, 1 Kg vale US$ 141.080, valor que até mesmo supera a máxima recente do Bitcoin, de US$ 126.198.
Mas o mais interessante é observar que o Bitcoin levou cerca de 16 anos, já que foi lançado em 2009, para alcançar esses US$ 126 mil. Já o ouro, em sua longa história como meio de troca, reserva de valor e referência monetária, levou séculos — ou milênios — para chegar nesse mesmo preço.
Claro que existe toda uma questão de inflação e consolidação de mercado, mas essa comparação demonstra todo o poder do Bitcoin, sua resiliência e história de sucesso construída em tão pouco tempo, principalmente quando olhamos para ativos que estão consolidados como o caso do ouro.
Mas por que os preços dispararam simultaneamente? No caso do ouro, a quebra da barreira de US$ 4.000 por onça foi impulsionada por demanda de investidores em busca de refúgio, incertezas geopolíticas, expectativas de cortes nas taxas de juros dos EUA e uma tendência de diversificação dos bancos centrais para ativos reais.
Já o Bitcoin, além de ser beneficiado pelo mesmo cenário geopolítico, também vem se alimentando de uma narrativa de escassez digital, forte entrada institucional, expansão de ETFs de cripto e um momento favorável de confiança regulatória, que o catapultaram para novos recordes.
Nos dois casos, há um pano de fundo comum: a busca global por proteção e ativos não inflacionários. Com o crescimento das tensões políticas e o cenário de juros ainda elevados, investidores têm equilibrado suas carteiras entre ativos tradicionais de reserva de valor — como o ouro — e alternativas digitais — como o Bitcoin. Enquanto o metal continua ancorado na solidez física e no respaldo histórico, o BTC representa o lado tecnológico e escasso dessa mesma lógica de preservação de valor.
No MB, a sua indicação vale Bitcoin para você e seus amigos. Para cada amigo que abrir uma conta e investir, vocês ganham recompensas exclusivas. Saiba mais!