Por que o Bitcoin cai e o ouro sobe em meio ao conflito entre Israel e Irã?

Na noite de quinta-feira (12), jatos de combate israelenses atacaram instalações nucleares iranianas, desencadeando uma onda de instabilidade nos mercados globais. O cenário dividiu os investidores em dois grupos: os que buscaram proteção e os que fugiram do risco.

O ouro, há muito considerado um porto seguro, atraiu investidores em busca de refúgio diante do agravamento do conflito no Oriente Médio. O Bitcoin, muitas vezes chamado de “ouro digital”, acabou seguindo a trajetória dos ativos de risco, em vez de se valorizar.

“O comprador tradicional de ouro ainda não está no mercado de criptoativos”, disse Stephen Wundke, diretor de estratégia e receita da gestora quantitativa de ativos digitais Algoz, ao Decrypt. Ele acrescentou que os compradores de ouro são “investidores avessos ao risco, que sempre voltarão ao refúgio que enxergam no ouro sempre que houver potencial de conflito”.

Embora o ouro tenha subido mais de 2% no dia, Wundke acredita que isso “está longe de ser uma corrida por proteção”, observando que o Bitcoin, por exemplo, já vinha caindo “bem antes de qualquer notícia sobre o ataque ao Irã”.

Dados do CoinGecko mostram que o Bitcoin está em 3% nesta sexta-feira (13), negociado a US$ 104.342, mas chegou a atingir uma mínima diária de US$ 103.900, à medida que surgiam os primeiros relatos dos ataques aéreos israelenses contra instalações nucleares iranianas.

Ao mesmo tempo, o ouro disparou para US$ 3.427,90 por onça, evidenciando como os dois ativos reagem de maneira oposta durante uma crise geopolítica. O metal precioso acumula alta de 7% no último mês e mais de 46% no ano, segundo dados do Trading Economics.

“O Bitcoin às vezes é visto como um porto seguro, mas na prática, ele costuma se mover em linha com ações de tecnologia, e não com o ouro”, explicou Jay Jo, analista sênior da Tiger Research. “Por causa dessa correlação, Bitcoin e ouro podem apresentar comportamentos de preço opostos durante crises geopolíticas.”

Realidade do risco

Enquanto a poeira ainda não assentou, altcoins como Ethereum, XRP e Solana sofreram liquidações superiores a US$ 1 bilhão, a maior parte em posições longas. Por outro lado, ativos tradicionalmente considerados seguros — como ouro, dólar e títulos do governo dos EUA — atraíram fluxos de proteção, à medida que investidores se desfizeram de ativos de risco.

“Os fundamentos estão pesando mais sobre o BTC do que os problemas no Oriente Médio, neste momento”, observou Wundke. Ele acrescentou que junho é “tradicionalmente um mês calmo para o BTC” e que o mercado parece estar “em fase de consolidação”.

Ainda assim, Wundke argumentou que, se houver “uma escalada significativa no Oriente Médio”, isso pode afetar o Bitcoin e empurrar seu preço para abaixo dos US$ 100 mil.

O sentimento do mercado piorou nas últimas 24 horas. Embora o índice Crypto Fear and Greed esteja atualmente em 61 — indicando ganância —, ele caiu 10 pontos no dia.

A base de investidores mais jovem e propensa a alavancagem do Bitcoin pode ter contribuído para a intensidade da queda, segundo alguns analistas, que apontam uma possível mudança estrutural em andamento.

“O argumento otimista é que, ao longo do tempo, os jovens se importam mais com isso do que os mais velhos”, disse Mike Novogratz, CEO da Galaxy Digital, em entrevista à CNBC na sexta-feira. O ouro “lentamente será substituído pelo Bitcoin”, à medida que o criptoativo alfa se consolida como um “ativo macro” institucionalizado, acrescentou.

Citando a demanda crescente de instituições financeiras como a BlackRock, Novogratz afirmou que o interesse pelo Bitcoin como ativo macroeconômico pode ser comparado a “uma bola rolando ladeira abaixo”.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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